No artigo de hoje, disponibilizamos algumas breves informações sobre o descomissionamento e uso de explosivos. Se esse é o seu primeiro acesso ao blog da Valmon Consultoria, seja muito bem-vindo (a).
Na indústria de petróleo e gás, no tocante ao término da vida útil das instalações, a desativação de instalações que ensejam o desmantelamento e remoção dos equipamentos leva ao descomissionamento. Em virtude de condições de trabalho, critérios financeiro-econômicos (dentre outros), o uso de explosivos é, muitas vezes, a técnica mais apropriada para esta empreitada.
De acordo com Cecília Freitas Martins, o Brasil possui cerca de 150 unidades estacionárias de produção offshore em funcionamento – as quais são responsáveis pela maior parte da produção de petróleo e gás nacional. Cada plataforma, após certo período, atinge sua fase final de produção, que é chamada de abandono ou descomissionamento. Isto ocorre quando a produção de óleo e gás se apresenta desvantajosa, sendo efetuado o encerramento das atividades, limpeza e remoção de estruturas e recuperação ambiental do local.
A remoção de estruturas offshore é frequentemente promovida via emprego de explosivos. Parte da plataforma fixa denominada jacket – jargão jaqueta – poderá ser descomissionada mediante essa poderosa ferramenta de trabalho.
De acordo com o professor Abdulmalik Alghamdi da Universidade King Aabdulaziz e Abobakr Radwan, engenheiro civil, ambos da Arábia Saudita, o custo da remoção de risers mediante técnicas de corte é cerca de 30% a 50% mais caro que aquele com o uso de explosivos.
O relatório emitido pelo descontinuado MMS (Serviço de Administração dos Minerais dos Estados Unidos da América), menciona três técnicas para a remoção de estruturas offshore. São elas: cargas a granel, cargas moldadas e cargas cortantes.
A preocupação com espécies marinhas e com todo o ambiente ao redor das estruturas a serem removidas é de longa data. Tanto é assim que, de acordo com o mesmo documentado citado acima, em 1988 a agência federal estadunidense NMFS, em observância à proteção da fauna e flora, emitiu um documento genérico com vistas a promover mitigação e monitoramento advindos da operação com explosivos.
Também, de acordo com este mesmo manual, a técnica mais comumente utilizada seriam aquelas executadas com explosivos a granel, como C-4 ou Composição B (misturas fundidas de RDX e TNT). Ainda, segundo este documento, essa escolha se daria em função de serem maleáveis, possuírem alta velocidade de detonação e alta potência de quebra. Além disso, eles não seriam tão perigosos no que tange a associação com outros explosivos, poderiam ser moldados no campo para tamanhos e formas necessários. Essa “moldabilidade” característica seria, assim, uma vantagem técnica dos explosivos em relação às técnicas convencionais de corte.
Vale registrar que durante a construção da plataforma, as partes constituintes são soldadas em conjunto com peças de aço chamadas “guias de estabilidade”, na parte interna inferior de cada seção. Isso é feito para facilitar a montagem com a seção seguinte. Tal procedimento reduz o diâmetro interno da peça constituinte da plataforma tanto acima quanto abaixo da solda. Essas reduções de diâmetro interno são um impasse para técnicas de corte convencionais. Ao usar explosivos a granel, essas variações de diâmetro são um inconveniente relativamente menor. As cargas a granel podem ser dimensionadas para cortar uma peça constituinte da plataforma no campo e, caso necessário, podem ser novamente moldadas in loco na presença de discrepâncias entre os diâmetros “planejados” e “construídos” das peças. Essa flexibilidade é importante, pois permite que se proceda com relativamente pouco atraso.
Nos próximos artigos daremos continuidade ao tema descomissionamento e o uso de explosivos em estruturas offshore assim como outras correlatas. Para ficar antenado nas nossas próximas dicas, clique no link abaixo.